domingo, 28 de setembro de 2008

Dos rabiscos que mais importam.

Quando eu construi esse castelo para a minha Pequena Lagartixa morar, eu pedi a ela que não escrevesse nada de muito pessoal pelas paredes. Disse, como Frau experiente que imaginava ser, que castelos virtuais não têm paredes de pedra e que pedaços de alma não devem ser confiados a transeuntes sem carne nem osso. Contei da Pollyana, pobre menina, que se viu forçada a descontentar-se com o seu Jogo por causa dos passantes sem pena, que invadiam sua casa de sonhos para lhe roubar simples minutos de paz. E a Lagartixa, tão pequena, concordou em rabiscar excertos meramente neutros ou, no mínimo, indiferentes de sua nem tão pequena vida.
Acontece que excertos de vida nunca foram neutros, e também jamais serão indiferentes. Nem Lagartixa nem Frau perceberam este quase insignificante detalhe quando começaram a arranhar palavras um tanto desconexas pelos muros da casinha sem cupins. E, desse jeito, até os telhados e as pontes levadiças se viram repletos de pulsadas (não muito) camufladas do pequeno coração da Lagartixa.
E foi com surpresa que um dia, ao entrar no salão de baile do castelo, a Frau e a Lagartixa descobriram que tudo (paredes, chão, teto, janelas, cadeiras e lustres) refletiam um emaranhado de sentimentos bem mais importantes do que aqueles que elas pretendiam ter exposto ali. Mas que faltava um só. Faltava, exatamente, o mais importante, a pulsada mais forte, aquela que empurra o sangue de um lado a outro do frágil coração no menor pedaço de tempo, emprestando vida àquele corpo para tornar-lhe muito maior do que parece visto de fora. Faltavam rabiscos que falassem da sensação que ambas descobriram ser o maior tesouro sobre essa terra.
E decidiram gravá-los ali.
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Não sei quem foi que inventou a lenda de que a distância afasta as pessoas. Só sei que esse inventor não devia estar falando muito a sério quando espalhou isso. Acho que a distância não afasta, realmente, ela apenas consolida a independência daquilo que nunca esteve muito junto de qualquer jeito. Ao menos esta é a única conclusão a que eu posso chegar depois de um ano do outro lado do oceano. Porque nada me aproximou tanto de algumas pessoas quanto estes onze meses de separação física. Embora eu sempre soubesse o tamanho do espaço que a vida delas preenche dentro da minha, acho que esse conhecimento se manteve um pouco menos consciente nos 21 anos anteriores.
As pessoas das quais eu falo são duas, duas que se multiplicaram em oito, e que de oito já andam beirando os doze, atualmente. São as duas maiores bênçãos que a vida me deu de presente, além dela mesma que me foi dada pelos próprios dois.
Eu sei que existem muitas coisas que eu não posso imaginar nesse mundo, mas se tem uma que realmente não me parece possível é a existência de sensação que seja maior, melhor e mais reconfortante do que a de saber que se tem um porto. Um pedaço de chão. Um rosto e uma voz que são uma casa. Um abrigo e um sorriso. Nada é comparável à certeza de se ter alguém que saiba exatamente o que tu precisas e quando, mesmo antes de tu pedires. Alguém que se orgulha com os teus progressos como se fossem deles, e te ajuda nas tuas dificuldades como se disso dependesse a própria vida, e não a tua. Nada é mais forte nem mais belo do que corações que se completam, tornando-se parte um do outro, sem que para isso seja necessária uma única palavra. Uma entrega voluntária, completa e mútua. Compreensão que supera aquilo que alguns julgam diferenças. Respeito quando a compreensão precisa de tempo para acostumar. Um sentimento que não cabe em palavras. Que me faz ter a certeza de ter tido incomensurável sorte apenas por ter alguém por quem nutrí-lo.
Uma gratidão que renasce a cada dia, docemente surpreendida por cada sorriso, cada pequeno gesto, cada palavra das vozes que criaram a minha.
Um orgulho imenso por me saber vinda de pessoas tão grandes de coração.

sábado, 27 de setembro de 2008

canalha way of life

"Get ready, all you lonely girls
and leave those umbrellas at home."

terça-feira, 2 de setembro de 2008

conceitos.

Pior que passar 10 meses sabendo que o último harry potter foi lançado em português e não ter acesso a ele, é passar 2 dias tendo o livro em casa e tempo nenhum para lê-lo.