sexta-feira, 31 de julho de 2009

Maré alta.

Sabe quando tudo na tua vida anda dando tão certo, mas tão certo, que parece que alguma coisa vai dar errado a qualquer instante?
Daí eu fico pensando que o mundo às vezes sabe ser injusto. A meu favor. E eu fico me perguntando quais são as regras que definem quem tem que ter sorte na vida e quem tem que ter azar. Qual é a seleção natural que diz que algumas pessoas vão estar morrendo de câncer ou de, vá lá, gripe A, enquanto outras podem se dar o luxo de reclamar por causa de um simples resfriado? Qual é a grande boa-ação que faz alguém merecer uma promoção enquanto outro recebe a carta de demissão?
Quando eu me dou conta do tamanho da sorte que eu tenho nessa vida, me dá uma noção de responsabilidade com a qual eu ainda não sei direito como lidar. Parece que o mundo espera algo de mim que me torne merecedora da minha família, dos meus amigos, da minha estabilidade, do meu (agora) emprego, das minhas oportunidades. E parece que eu não correspondo a essas espectativas. Ou ao menos não consigo ver aonde posso estar correspondendo.
Exemplo extremamente banal, mas que me levantou esse monte de pensamentos: eu passava esses dias por uma parada de ônibus, onde vi que um cego fazia sinal aleatoriamente para uma lotação que passava. Vi que ele era cego, vi que o sinal que ele fazia era aleatório, mas nem me dei conta do que eu pudesse ter a ver com isso até que uma moça que também estava chegando ali se adiantou para perguntar a ele qual era o ônibus de que precisava. Um gesto simples, indolor, eficiente. E eu nem sequer tinha cogitado. Continuei andando e pensando "essa guria é bem melhor do que eu".

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tchi bunitchinhu!

Adoro crianças cantando. Dá vontade de levar pra casa pra enfeitar a estante da sala. Se um dia eu tiver filhos, eles vão ter que ser que nem esses, se não eu devolvo no fornecedor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Rapidinha

"Vida" é o que acontece enquanto você fica sentado na frente do computador.

Dizendo tudo sem dizer nada.

É incrível como fantasmas do passado nem sempre são fantasmas e quase nunca ficam no passado.
Não me orgulho nada disso, até porque no fundo é um sinal de fraqueza, mas não consigo deixar de gostar da sensação de "who is the loser now?" que precede encontros sociais na terrinha.

sábado, 18 de julho de 2009

Ah, a procrastinação...

Tinha decidido que hoje tiraria o dia todo pra começar as pesquisas da minha mono. Mas acordei com uma vontade incontrolável de arrumar minha casa, sabe? Estranho que nunca antes o aspirador de pó me pareceu tão simpático.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

"And suddenly... puf!"

E eis que, depois de 5 tentativas, eles finalmente acertaram a mão.
Harry Potter e o Enigma do Príncipe é o primeiro na seqüência de filmes que se equipara aos livros. E com isso eu não quero dizer que ele se parece com a versão literária. Muito pelo contrário, aliás: parece ter sido a primeira vez em que o roteirista aceitou que nunca vai conseguir botar mais de 500 páginas em 2h30, e ao invés de ser fiel à ordem dos acontecimentos, resolveu ser fiel à essência da história. Pela primeira vez, as sutilezas saem das páginas para as telas e vemos personagens inteiros, complexos e humanos. Além do humor da J. K. Rowling. O elenco, depois de anos de trabalho conjunto, também acabou se afinando, o que trouxe o filme para muito mais próximo do espectador.
Claro que muita coisa ficou de fora, e muita coisa que não existia foi criada. Mas dessa vez, isso passou longe de incomodar. Nunca antes filme e livro estiveram tão diferentes, e por isso mesmo nunca antes eles estiveram tão próximos.
Na minha modesta opinião, os destaques da vez:
- A adaptação do roteiro.
- Toda a sequência em que o Harry consegue a lembrança do Slughorn. Simplesmente genial.
- Rupert Grint e Thomas Felton supreendendo na atuação. Não necessariamente as melhores atuações, mas as maiores surpresas.
E a melhor de todas - SE ALGUÉM ACOMPANH A HISTÓRIA SOMENTE PELOS FILMES, PARE DE LER AGORA PARA EVITAR SPOILERS DAS RELÍQUIAS DA MORTE:
- A inserção do momento em que Dumbledore descobre que Harry é a sétima horcrux. Sutilíssimo, totalmente ao estilo J.K. Rowling, deu vontade de ver este momento no livro também.

Enfim, valeu a pena esperar. Uma pena que os outros não tenham chegado lá mais cedo. E agora é torcer pra que o 7/1 e o 7/2 mantenham o nível.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fim do dia.

Saía do trabalho, na auto-intitulada "rua mais charmosa da cidade", quando passei por mais um dos tantos mendigos que habitam nossas calçadas. Ele não estava, como de costume, debruçado sobre um saco de lixo, procurando sobras de comidas para passar o dia. Estava deitado no chão frio, abraçado ao saco preto, levando a mão avidamente do seu interior à boca em movimentos repetitivos e estranhamente constrangedores para quem passava - não para ele.
De estômago revirado eu passei longe, pensando em como eu deveria ter parado, e em como eu continuava devendo ter parado, e em como ainda dava tempo de parar, e em como não me faria diferença perder alguns minutos do trabalho para, ainda que tarde, parar. E em como teria sido fácil voltar pro lugar de onde eu tinha vindo e comprar algo decente para aquele ser humano comer. E em como mesmo pensando em tudo isso eu continuava pensando e andando em direção ao ônibus que me levaria para longe dali. E em como há até dois dias atrás eu estava a beira do desespero só porque nem todas as minhas vontades estavam sendo satisfeitas na hora em que eu queria. E em como eu sabia que aquele desconforto ia durar só algumas horas, só o tempo de eu me lembrar que eu estou feliz. E tentando descobrir quando foi que eu me tornei tão egoísta. Tão egoísta que o que mais me entristecia talvez não fosse a condição deplorável daquela pessoa, mas sim o meu próprio egoísmo.
E continuei andando. E tudo o que eu fiz a respeito foi pensar.