terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Considerações pré-natalinas.

É impressionante como uma simples palavra (ou a falta dela) pode fazer toda a diferença.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vício novo

Esses alemãezinhos são uma graça.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

can't buy honey, have no money dingledongleding

One day another chicken makes me glad
And you'll be sad and lonely, sad and lonely
(comedy song, fools garden)

>DDD

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Das coisas que os olhos não vêem - parte 2

Numa dessas aulas estávamos conversando sobre essa pintura. Os "ooooohhhhs" de horror foram gerais. "Como as pessoas não se revoltavam com uma coisa dessas naquela época?", perguntou um colega. "Ainda bem que não é mais assim", disse outro.
Uma terceira colega trabalha como psicóloga em um presídio. Um dia desses ela foi chamada em emergência: um presidiário tinha jogado água fervente sobre o próprio corpo, em uma tentativa frustrada de suicidio. Ele estava enfiado em dívidas de drogas dentro da própria instituição e preferia água quente a morrer pelas mãos dos seus "credores". Depois do atendimento ela pediu para a enfermeira que desse um calmante, ou um analgésico (não lembro), afinal, o homem estava coberto por bolhas da cabeça aos pés. E seguiu o seu trabalho, tinha mais pacientes a atender. Mas no final do turno, antes de sair e já conhecendo o sistema em que trabalha, resolveu conferir a situação com a enfermeira, que deu a certeza de que os comprimidos tinham sido encaminhados através dos técnicos do presídio. Não satisfeita, ela foi atrás dos técnicos e os encontrou em um pequeno grupo, na frente da cela, jogando o remédio de mão em mão, numa espécie de mosca-tonta de muito mau gosto, enquanto o paciente se contorcia de dor. Mas a eles não importava. Para eles, o paciente era um criminoso, não um ser humano.
Muito diferente da pintura acima?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Das coisas que os olhos não vêem - parte 1

Hoje acabou o curso que eu estava fazendo lá pelo estágio. Pra quem não sabe, esse foi um curso de introdução à Justiça Restaurativa promovida pelo projeto onde eu estou a fazer edição de vídeo enquanto não me aparece nenhum estágio em PP. Por algum motivo meus chefes decidiram que seria bom se eu participasse das aulas e foi assim que acabei me vendo ali, mera aspirante a publicitária, em uma turma de 40 professores, psicólogos, assistentes sociais, advogados e policiais, discutindo modos de resolução pacífica de conflitos.
A cada aula meus "colegas" traziam para discussão exemplos do seu dia-a-dia profissional que ia desde escolas públicas e particulares até o presídio central, passando por diversos intermediários que eu nem sabia que existiam. Toda a quinta-feira eu ouvia alguma história atordoante e achava que escreveria uma reflexão a respeito aqui no blógue, mas até chegar em casa acabava desistindo. Desistia, simplesmente, porque por mais que eu pensasse sobre ela, não conseguia encontrar palavras para traduzir a história em pensamentos racionais. De fato, "racional" não me parece ser um termo que defina qualquer uma das histórias que tenho ouvido nos últimos 2 meses.
Enfim, o curso acabou e agora já é tarde pra querer resgatar alguma delas a fundo. Por um lado é bom: assim eu me livro da idéia de parar para refletir sobre tudo isso. Por outro lado, não refletir me dá aquela conhecida sensação de covardia, aquela sensação motivada pelas condições que reconheci ao falar no encerramento do curso: as condições de fingida cegueira e pretensa ignorância nas quais me enquadro como parte da sociedade "normal".
Talvez para não ter que assumir minha covardia, resolvi fazer aqui um meio termo. Não vou escrever sobre o que ouvi - não pretendo tanto. Vou apenas resgatar um ou outro relatos, aqueles que mais me marcaram, e reescrevê-los ao longo das próximas semanas, da maneira mais fiel que minha memória permitir. As reflexões ficam a cargo de quem ler.
Em tempo: não conheço nomes, lugares nem referências para nenhum desses fatos. E se soubesse, também não os citaria aqui.

***

Uma professora trouxe um texto escrito por um menino de 10 anos, cursando a segunda série e ainda com dificuldades na alfabetização. Não foi uma atividade de aula, foi só um momento meio solto, em que a professora alcançou a ele um pedaço de papel e ele começou a escrever. Não me lembro as palavras exatas, mas o conteúdo dizia mais ou menos assim:
O susto na pracinha.
Um dia um homem chegou armado numa casa. Ele começou a atirar. Um homem levou 36 balas. O outro tomou 40. Tinha muito sangue. O traficante chegou e mandou todo mundo ir embora. Eu corri e não tive medo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os tempos estão mudando.

Essa eu ouvi de uma aluna do 2º semestre.

"Eu tou tendo aula com a Rosa Nívea agora, mas ela nunca largou uma pérola. Minha turma tá esperando o semestre inteiro, e até agora nada. E o Milman tá tri bonzinho, é o melhor professor que tenho esse semestre. Aprendi um monte de semiologia com ele."

é..... a fabico já não é mais a mesma.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Isso que eu chamo de pan.

Saiu ontem no Omelete

Japoneses lançam campanha para legalizar casamento com personagens de mangá

Fãs japoneses de mangá estão se mobilizando para requisitar ao governo de seu país a legalização do casamento com personagens fictícios bidimensionais. Eles querem se casar com personagens de quadrinhos. O movimento, liderado por Taichi Takashita, pode parecer brincadeira, mas leva-se a sério. Takashita iniciou uma petição online que planeja alcançar 1 milhão de assinaturas. No momento, com pouco mais de uma semana no ar, já há mais de mil assinaturas.
A petição reflete o atual estado da cultura otaku - fãs devotos de mangás, games e anime -, que querem desligar-se da realidade. Takashita escreve na petição: "Não estou mais interessado em três dimensões. Gostaria mesmo é de tornar-me habitante do mundo bidimensional. Contudo, isto parece impossível com a tecnologia atual. Desta forma, seria possível pelo menos ter autorização legal para casar com um personagem bidimensional?".
Vale lembrar que o Japão tem, atualmente, um primeiro-ministro fã de mangás. O governo, porém, não respondeu à petição.


Agora eu pergunto:
1. Quem diz o "aceito" no momento da cerimônia ?
2. Como o casal feliz vai resolver a noite de núpcias ?
3. O filho de um mangá com um humano é um... ?
4. Eles podem passear de mãos dadas no shopping?
5. E o divórcio entre um mangá e um humano, será permitido?
6. E a mais impressionante de todas: MIL PESSOAS TIVERAM A CAPACIDADE DE ASSINAR ISSO?

Depois falam que Brasileiro é ruim da cabeça...

sábado, 1 de novembro de 2008

A tia do Ru

O maior susto que eu levei na volta pra Úrguis foi conhecer a nova tia do RU. Naquele fim de manhã eu achava estar me encaminhando para mais um almoço normal de um dia normal. A fila era normal, a pressa era normal, as moedinhas contadas no subir das escadas eram normais e a moça do segundo guichê, embora eu nunca a tivesse visto, parecia ser normal. Me aproximei do balcão, entreguei as moedinhas, passei o cartão peguei o troco e o bilhete de suco, tudo isso da forma mais normal, e já me encaminhava normalmente para a catraca quando ouvi, quase às minhas costas, algo um tanto anormal: "obrigada, Judite!", disse ela com um sorriso. Confesso que levei uma fração de segundos para entender o que estava acontecendo. Sorri de volta, meio atordoada e segui adiante pensando que nunca antes, em 5 anos de casa, eu tinha me dado conta de que o meu nome aparece todo o dia junto com a minha foto quando eu passo o cartão no caixa. Sempre apareceu.
Não pude deixar de me perguntar o que tinha acontecido com a moça. Estaria num dia extremamente feliz? Sim, só podia ser isso. Enfim, ela (assim como as outras tias do RU) era paga para cobrar pelos almoços, não para ser simpática. Era inconcebível que sorrisse todos os dias e agradecesse a cada giro da catraca. Mas nos dias que se seguiram comecei a observar que o sorriso imenso não saía nunca do rosto dela. E a vontade que, depois do primeiro almoço, me deu de cair sempre no guichê da moça só para ser bem atendida e poder sorrir de volta para um ser desconhecido, começou a virar uma espécie de receio. Aos poucos notei que, por algum motivo meio incompreensível aquela profusão de felicidade pouco a pouco me deixava constrangida. Enfim, qual era o problema dela? Que tipo de pessoa consegue desprender tanta alegria cobrando almoços de estudantes? Aquilo não podia estar certo!
Até que um dia ela sumiu. Uma menina mais convencional assumiu o lugar e eu pensei, um pouco mais tranqüila, que agora tudo fazia sentido. Uma pessoa tão feliz não agüentaria muito tempo naquele emprego. A moça alegre tinha saído em busca de algo que desse vazão a sua incessável felicidade. E voltei a almoçar normalmente, pagando pras tias normais, em dias normais, quieta com meus normais botões.
Qual não foi minha surpresa quando ontem, chegando perto do balcão, percebo que a moça feliz está de volta. E não, não deixou a felicidade de lado. Pelo contrário: agora, ao lado do seu monitor, ela colocou um plaquinha com o nome recortado. Se chama Viviane. Com os pingos dos Is em forma de coração. Acho que ela também quer que as pessoas que se lembram de agradecer pelo bilhete do suco a chamem pelo nome.
E meu almoço, mais uma vez, não foi tão normal assim. Fiquei tentando descobrir o que há por trás de tanta felicidade. Num desespero por resolver uma questão tão inexplicável, só me ocorriam teorias do estilo livros de auto-ajuda. Talvez fosse paciente de uma doença muito grave, ou acabou de sair de uma grande depressão, ou ainda escapou por um triz de um acidente que poderia ter sido fatal. Sim, tinha que ser isso. Só podia ser isso. Não tinha outra explicação.
Mas enquanto virava a bandeja pra alcançar melhor a sobremesa eu entendi. O que me constragia não era a felicidade da tia do RU. O que me contrangia era o fato de tanta felicidade me constranger.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Economia para leigos.

Se eu entendi o que as pessoas tentam me explicar sobre o porquê de as bolsas viverem caindo, a coisa funciona mais ou menos assim:
1. Quando as empresas estão ganhando bem, todo mundo investe, elas ganham mais ainda e todo mundo fica feliz.
2. Como todo mundo tá feliz e bem investido, as pessoas param de comprar ações e as empresas param de lucrar.
3. Daí as pessoas se borram porque acham que o mercado tá falido, tiram o dinheiro que tava investido, as empresas falem ainda mais e todo mundo se fode.

Ou seja, o problema é simples: a humanidade é descoordenada!
Right?

Brigitte + Juliete

Sou moça pra casar. De véu, grinalda e tudo a que tenho direito.
Mas no meu casamento vai tocar isso no lugar da valsa.

domingo, 28 de setembro de 2008

Dos rabiscos que mais importam.

Quando eu construi esse castelo para a minha Pequena Lagartixa morar, eu pedi a ela que não escrevesse nada de muito pessoal pelas paredes. Disse, como Frau experiente que imaginava ser, que castelos virtuais não têm paredes de pedra e que pedaços de alma não devem ser confiados a transeuntes sem carne nem osso. Contei da Pollyana, pobre menina, que se viu forçada a descontentar-se com o seu Jogo por causa dos passantes sem pena, que invadiam sua casa de sonhos para lhe roubar simples minutos de paz. E a Lagartixa, tão pequena, concordou em rabiscar excertos meramente neutros ou, no mínimo, indiferentes de sua nem tão pequena vida.
Acontece que excertos de vida nunca foram neutros, e também jamais serão indiferentes. Nem Lagartixa nem Frau perceberam este quase insignificante detalhe quando começaram a arranhar palavras um tanto desconexas pelos muros da casinha sem cupins. E, desse jeito, até os telhados e as pontes levadiças se viram repletos de pulsadas (não muito) camufladas do pequeno coração da Lagartixa.
E foi com surpresa que um dia, ao entrar no salão de baile do castelo, a Frau e a Lagartixa descobriram que tudo (paredes, chão, teto, janelas, cadeiras e lustres) refletiam um emaranhado de sentimentos bem mais importantes do que aqueles que elas pretendiam ter exposto ali. Mas que faltava um só. Faltava, exatamente, o mais importante, a pulsada mais forte, aquela que empurra o sangue de um lado a outro do frágil coração no menor pedaço de tempo, emprestando vida àquele corpo para tornar-lhe muito maior do que parece visto de fora. Faltavam rabiscos que falassem da sensação que ambas descobriram ser o maior tesouro sobre essa terra.
E decidiram gravá-los ali.
*****
Não sei quem foi que inventou a lenda de que a distância afasta as pessoas. Só sei que esse inventor não devia estar falando muito a sério quando espalhou isso. Acho que a distância não afasta, realmente, ela apenas consolida a independência daquilo que nunca esteve muito junto de qualquer jeito. Ao menos esta é a única conclusão a que eu posso chegar depois de um ano do outro lado do oceano. Porque nada me aproximou tanto de algumas pessoas quanto estes onze meses de separação física. Embora eu sempre soubesse o tamanho do espaço que a vida delas preenche dentro da minha, acho que esse conhecimento se manteve um pouco menos consciente nos 21 anos anteriores.
As pessoas das quais eu falo são duas, duas que se multiplicaram em oito, e que de oito já andam beirando os doze, atualmente. São as duas maiores bênçãos que a vida me deu de presente, além dela mesma que me foi dada pelos próprios dois.
Eu sei que existem muitas coisas que eu não posso imaginar nesse mundo, mas se tem uma que realmente não me parece possível é a existência de sensação que seja maior, melhor e mais reconfortante do que a de saber que se tem um porto. Um pedaço de chão. Um rosto e uma voz que são uma casa. Um abrigo e um sorriso. Nada é comparável à certeza de se ter alguém que saiba exatamente o que tu precisas e quando, mesmo antes de tu pedires. Alguém que se orgulha com os teus progressos como se fossem deles, e te ajuda nas tuas dificuldades como se disso dependesse a própria vida, e não a tua. Nada é mais forte nem mais belo do que corações que se completam, tornando-se parte um do outro, sem que para isso seja necessária uma única palavra. Uma entrega voluntária, completa e mútua. Compreensão que supera aquilo que alguns julgam diferenças. Respeito quando a compreensão precisa de tempo para acostumar. Um sentimento que não cabe em palavras. Que me faz ter a certeza de ter tido incomensurável sorte apenas por ter alguém por quem nutrí-lo.
Uma gratidão que renasce a cada dia, docemente surpreendida por cada sorriso, cada pequeno gesto, cada palavra das vozes que criaram a minha.
Um orgulho imenso por me saber vinda de pessoas tão grandes de coração.

sábado, 27 de setembro de 2008

canalha way of life

"Get ready, all you lonely girls
and leave those umbrellas at home."

terça-feira, 2 de setembro de 2008

conceitos.

Pior que passar 10 meses sabendo que o último harry potter foi lançado em português e não ter acesso a ele, é passar 2 dias tendo o livro em casa e tempo nenhum para lê-lo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Lar, doce lar!

Que saudades eu sentia da feira no largo da epatur!

Das coisas que eu gostaria de ter dito e não disse.

Prezada Sra. *****
Venho por meio deste solicitar que a senhora faça a gentileza de ir beber no glóbulo ocular de seu pequeno esfíncter.
O boleto para a cobrança será remetido em circular próxima.
Grata,
Frau Bersch.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Resumindo tudo...

Alguma coisa aconteceu.
Não me perguntem o quê.
Nos vemos no próximo post.
Será com gosto de feijão.

Momento citação da semana

Nao consigo deixar de achar essa letra belíssima....

"É mais fácil cultuar os mortos que os vivos, mais fácil viver de sombras que de sóis.
É mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro.
Não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência.
Não quero ser alegre como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo.
Nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda!

Quero no escuro, como um cego,
tatear estrelas distraídas...

Amoras silvestres no passeio público,
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas...
Tempestades que não param: pára-raios! Quem não tem?
Mesmo que não venha o trem não posso parar.
Vejo o mundo passar como passa uma escola de samba que atravessa.
Pergunto: onde estão teus tamborins?

Sentado na porta de minha casa,
a mesma e única casa,
a casa onde eu sempre morei"

(Minha Casa - Zeca Baleiro)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

post sem acentos

é engracado como as pessoas nunca se conformam com o que tem.

Bolsa Familia nao é um programa bom que chega, nossas escolas nao sao boas que chega, o preco do RU nao é baixo chega. Nao, nao quero aqui escrever sobre politica, vocês sabem que nesse assunto eu sou uma leiga confessa, e nao é agora que vou me meter a dar pitaco em tema do qual eu nao entendo. Também nao estou dizendo que essas coisas sejam boas que chega, e nesse mérito nem quero entrar. O que quero falar é sobre essa mania de quero mais que nao pode ser satisfeita nunca, sobre esse olhar que so se volta para o proprio umbigo. O que de bom eu tenho? O que, dentre tudo aquilo que eu quero ter, é possivel de conseguir? Nao importa. A unica coisa que importa é que isso nao chega. Como crianca mimada, que chora porque o Papai Noel so teve condicoes de dar a Susie, e nao a Barbie, no Natal.
Esses dias eu ouvi de novo (e acreditem, nao foi a primeira vez) que as coisas na Alemanha nunca estiveram tao mal desde o pos-guerra. Que a pobreza aqui aumenta a cada dia. E eu sei que talvez nao tenha sido muito gentil, mas eu tive que perguntar pro autor da perola o que significa "pobreza" na Alemanha. O que significa pobreza num pais em que o governo paga pro desempregado, depois de terminado o seguro desemprego, aluguel, luz, agua, gas e inclusive (pasmem!) TV, geladeira, fogao, tudo novo se o que ele tiver em casa quebrar. Sem contar uma mesada pra fazer supermercado. Pro resto da vida, se for necessario. "Mas essa mesada é muito pequena", eles dizem, "nao da pra viver assim". é. E eu fico me perguntando se é inocencia ou brincadeira de mau gosto quando eu ouco - e esse é um argumento muito frequente pra xingar a mae da Frau Merkel - que cada vez mais pessoas ganham tao pouco, mas TAO pouco, que nao conseguem nem mais fazer ferias com a familia no verao. Semana passada a gente analisou um discurso do Lafontaine em sessao da Camara de 2007, na monitoria pra aula de retorica.  E ouvimos ele terminar uma sequencia de argumentos indignadissimos destacando o horror que deve ser para uma familia nao poder proporcionar ao seu filho nem ao menos algum passeio escolar. Pelo menos a tutora da disciplina teve o bom senso de admitir que foi um erro do excelentissimo deixar o argumento mais fraco pro final. E segundo a mocinha que dividiu carona comigo no fim de semana, é uma vergonha que a Alemanha faca tao pouco pelas familias. é, é mesmo uma vegonha. Um pais onde frequentar a escola nao é so um direito mas também uma obrigacao de cada crianca, onde as familias recebem uma bolsa auxilio quando os filhos nascem e onde as maes tem direito de ate 3 anos de licenca maternidade, se quiserem. Nao, nao chega. "Bom era na Alemanha oriental", diz ela, "la as mulheres podiam ter filhos ainda durante o estudo, porque tinha cresche gratuita em tempo integral". Sim, mocinha, a Alemanha oriental era perfeita. Porque tu nao vives mais nela desde os teus 5 anos de idade. Se tivesses conhecido ela como adulta, tu também nao acharias suficiente. Nao porque fosse ruim, mas porque seria aquela que tu tens.
E isso sai do campo da politica. Nao basta tu teres um corpo que funcione perfeitamente e seja livre de doencas, tu tambem precisas de peitos enormes pra achar que esta bom que chega. Nao te basta um salario bom num emprego legal, tu precisas de um salario fenomenal no emprego dos teus sonhos para poder viver em paz. Namorado? So se for o homem dos teus sonhos, o homem da tua realidade nao te basta.
E nao é questao de se conformar com o meia-boca, eu acho ate saudavel que o ser humano tenha esse impulso por buscar a melhoria, se nao fosse essa inquietude ainda morariamos em cavernas. Mas eu acredito que haja uma diferenca entre o conformismo e a satisfacao. Acho que as farmacias venderiam bem menos aspirinas se as pessoas aprendessem a ver o que esta bom enquanto buscam melhorar o que ja tem.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Vai dizer...


...que não tá lembrando alguém?

domingo, 13 de julho de 2008

momento citação da semana

"Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
que a gente vai passar"
(Conversa de botas batidas - Los Hermanos)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Da série "estão destruindo a minha infância!"

Sabem aquelas brincadeiras de bate-mão que ocupam as meninas no recreio da escola primária?
Então, hoje aprendi mais uma dessas, de um grupo de crianças em passeio escolar.
A letra dizia mais ou menos assim:

Charlie Champel foi pra espanha
Lá ele encontrou 3 mulheres
A primeira fez "ulalá"
(e nisso as meninas rebolam)
A segunda fez "tchachachá"
(e nisso elas fazem uma dancinha com as mãos)
E a terceira fez Charlie Champel
(e nisso elas abrem as pernas. Gradativamente. A cada rodada abrem um pouco mais e a menina que agüentar o maior número de rodadas sem cair nem fechar as pernas, ganha)

e eu pulando amarelinha....

domingo, 6 de julho de 2008

Quarentena

É isso, crianças. Em 40 dias, titia taí. E isso significa muitas, muitas coisas. Talvez postarei algo sobre elas quando o tempo e a organização das idéias permitir. Mas por enquanto, me adiantarei pra expressar o mais importante, o ápice das alegrias do retorno, o consolo dos consolos na idéia de que acabou.
Ver vocês? Terminar a faculdade? Arrumar um estágio? Tudo balela! O que importa é que em 40 dias eu vou poder ler o último Harry Potter!

P.S.: O(a) primeiro(a) engraçadinho(a) que inventar de fazer algum comentário do tipo "fulano morre no final", tomará um cruciatus na hora. E isso vale também pro segundo, terceiro, e por aí vai.
P.S.2: A propósito, alguém aí tem o livro pra emprestar?

Canção pra criança alemã dormir

(Com a melodia de Schlaf, mein Prinzchen, schlaf ein)

Eu não sei o que cantar
Porque eu não lembro da letra
Mas tu não vai te importar
Igual tu não pode entender
Eu não sei o que cantar
Mas pelo menos tu já
Tu já parou de berrar
E eu não sei mais o que inventar

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A propósito...

Fotos e vídeos do findi na Terra do Nunca publicados. Quem quiser, pede o link.

O fim da inocência!


Me digam uma coisa: vocês também sempre souberam que o sapo vira um príncipe quando a princesa dá um beijinho nele, né? Plis, me digam que sim!
Porque sábado estavamos, Helene e eu, no jardim dos contos de fada em Ludwigsburg (passeio que rende um post inteiro só pra ele), a assistir alguns contos em animação de sombras, entre eles o Sapo-rei. Junto conosco estavam várias criancinhas assistindo atentas à historinha. E qual não foi a nossa surpresa quando, chegando no final, a princesa não beija o sapo! Eles brincam de bolinha na cama dela, e é assim que ele vira príncipe!!!!!! e os pais presentes nem taparam os olhos das crianças que tavam vendo aquilo!!!!
E o pior! o sapo é um baita aproveitador que, ao notar que a pobre menina está triste por ter perdido seu brinquedinho, chantageia ela, dizendo que só vai devolver se ela prometer brincar e dividir mesa e cama com ele!
Po, destruiram minha infância.

terça-feira, 1 de julho de 2008

a gente morre sem ter visto tudo...

como isso, por exemplo.

- Que lindo o teu anel!!!
- Fofo, né? Ele já foi a avó do meu noivo um dia!
- Tu queres dizer que ele ja foi da avó dele, não?
- Não não, ja foi a avó mesmo!

P.S.: sim, vocês foram meigos o suficiente =)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Greve.

Peraí. 11 comentários prum post que fala de futebol?????
Aaaah, mas isso é uma ofensa!!!!!! É inadmissível que no blog da Pequena Lagartixa, o texto mais comentado seja um sobre futebol!!!! Só perde pra um ou outro lááááááá do comecinho, lá do ano passado quando a distância ainda era uma novidade e as pessoas vinham visitar com mais freqüência. Nem Dachau arrancou tantos comentários de vocês.
Daqui a pouco eu escrevo sobre Fórmula 1 e me aparecem 15 no Haloscan! É o fim!
Pronto, tou de greve. Só escrevo de novo quando vocês, malvados leitores, fizerem alguma coisa suficientemente meiga pra se redimir!
E tenho dito!
Humpft!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O dia em que eu QUASE voltei a gostar de futebol.

Sim, porque (pasmem!) um dia eu já gostei de futebol. Foi numa época muito remota, em que meu time era campeão do mundo, eu gostava de tudo que meus irmãos diziam que era bom, e ver um sentido nas coisas não era algo realmente importante para mim. Mas daí o tempo passou, Felipão saiu do grêmio, o time começou a perder, eu criei aversão a unanimidades e mais tarde ainda descobri o que é disputar a atenção do namorado com 22 homens suados e melequentos (na sua maioria bem feiinhos) correndo atrás de uma bola.
Foi a salvação. Frau Bersch encontrou seu bom caminho e na copa de 2002 lá estava eu, sentada sozinha na sala de aula, escrevendo redações veementes contra o campeonato enquanto todos os coleguinhas perdiam duas preciosas horas de suas vidas na frente da TV vendo alguma partida da Seleção.
E assim segui minha vida, emburrando-me em época de campeonatos, resistindo sozinha à cruel correnteza. Do meu lado, só os gays e os emos, já que de uns tempos pra cá até minhas amigas meninas começaram a sair por aí gritando hinos no meio da rua. Passei a encher o peito para, respondendo à pergunta "és gremista ou colorada?", dizer "eu não gosto de futebol!"
E hoje, como não poderia deixar de ser, foi mais um desses dias. Ao final de um dia longo e tenso, que encerrava uma semana longa e tensa, eu odiei, pela milésima vez, os bêbados que gritavam nos meus ouvidos só porque um bando de pessoas que eles não conhecem carregavam a bandeira de um país do qual eles vivem reclamando ao jogar em um estádio onde eles nunca entraram disputando um prêmio que nunca vai ser deles. ufa. Enfim, tudo o que eu queria era chegar em casa, jantar em paz, checar os e-mails e ir pra minha caminha cedo o suficiente pra fazer o dia render amanhã. Comecei a executar os planos nessa ordem. Janta, ok. Banho, ok. Mas quando chegou na hora dos e-mails eu pensei que, enfim, o jogo é importante pro pessoal aqui, eu ando querendo fazer uma média em casa, e de mais a mais, a Bruna sempre diz que Portugal tem jogadores gostosos. Sentar uma meia horinha na frente da TV pra ver o finalzinho não ia matar ninguém. Eu não precisaria nem prestar a atenção. Só olhar pras coxas dos jogadores e era isso.
Fui lá, sentei na altura do 3x1. E os acontecimentos que se seguiram, vou tentar descrever em uma ordem mais ou menos cronológica.
Primeiro vi que Portugal estava perdendo. E pra quem não conhece Frau Bersch, é preciso destacar que, junto com sua aversão a unanimidades, ela desenvolveu uma acentuada queda por "fraquicidades". Portugal está perdendo? Owwwn, coitadinhos! Eles tem que ganhar! - É a reação esperada.
Depois, os pais alemães começaram a rir do Felipão. E eu pensei com cá com os meus botões: aaah, péra lá! Falar mal de Brasileiro, até vai. Falar mal de estudante, a gente até compreende. Falar mal de comunicador, ok, ok. Falar mal de Fabicano, então, eu até dou mais argumentos. Agora, falar mal de gaúcho! aaaaaaaaaaah, é demais! Daqui a pouco vão querer dizer que a Polar não é a melhor cerveja! Mas enfim, respirei fundo, comi umas algumas nozes e pensei: abstrai, mulher, abstrai.
Daí o tempo foi passando e eu fui começando a prestar a atenção nos comentários superhiperultramega cínicos e tendenciosos do comentarista. Ah, como eu odeio comentários cínicos e tendenciosos.
E os pobres dos jogadores de Portugal tentando, e o maldito do comentarista cinicisando, e os pais alemães ironizando, e o tempo esgotando, e o gol lá no finalzinho que quase deu esperança de recuperar e.... quando eu vi, aconteceu: lá estava eu, sentada no sofá, ligeiramente inclinada pra frente, e tinha trocado as nozes pelas minhas próprias unhas. Sim, eu roí unhas por um jogo de futebol!
(parênteses pro igor e pro fred, que devem estar gargalhando a esta altura do texto: dêem um ctrl+c aqui, porque este é o tipo de coisa que eu nunca mais voltarei a admitir. eu acho. fecha parênteses)
Maaaaaaaaaaaaas, assim que o apito soou, as buzinas na rua se espalharam e o que eram um ou outro comentários irônicos viraram uma enchurrada de pessoas se vangloriando, eu até quase quis começar a ficar irritada. E deu. Foi o suficiente para lembrar do porquê de ter poupado a comunidade "eu odeio futebol" dentre todas as idiotas que eu deletei do meu orkut. Não se preocupem, crianças, não foi dessa vez. Frau Bersch continua Frau Bersch e em 2014, se tudo der errado e a copa for mesmo no Brasil, vocês vão poder rir muito daquela mocinha irritada que estará xingando as pessoas só por usarem verde-amarelo no meio da rua.
Até que se prove o contrário.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

de português!

Juro que não é piada. Essa eu presenciei quando dividi o quarto com 3 portugas em Zaragosa.

As raparigas estavam entretidas com um trabalho pra faculdade de ciências do comércio, quando uma, depois de muito pensar, admite:
- mas o'Maria, eu nam p'de c'mpr'nder: com' eu dev' d'zer que é o posicionament dest' 'mpresa?
- ora poix, mas 'sta claro, nam 'sta? O posicionament é ond' o pont' d' vend' 'sta posicionado: se 'sta numa grand' avenida, em um centr' comercial, numa p'quena ruela...

E chegou o dia...

...em que isso acontece com as criancinhas...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Toscooooooooo!!!!!!!!

uh! uh!uh!uh!uh! as alcachofra!

e põe água pra aquecer pro caldinho de mocotó! mocotómocotómocotómocotó!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Momento citação (dedicado) da semana

O Papa não é mais Pop, mas tu sempre terás uma cadeira reservada na salinha VIP do coração dessa condessa inglesa...



La sabiduría llega cuando no nos sirve para nada
no se puede evitar
y todo lo que pasa conviene
son las reglas del destino, son las reglas del amar

cuando vos querías un abrazo
yo quería emborracharme con los flacos en el bar
cuando yo quería la rutina
vos decías, quiero aire, necesito libertad
cuando vos querías la rutina
yo decía quiero aire, necesito libertad

pero al fin, si es amor, cruzará huracanes y tormentas
pero al fin, si es amor, beberemos sólo su belleza

al otro día como el ave fénix
me levanto con el pie derecho y río sin razón
llevo una locura caprichosa
caprichosas las canciones me abren su gran corazón
la música es mi chica caprichosa que cuando no toco el piano
me manda al infierno…

pero al fin, si es amor, cruzará huracanes y tormentas
pero al fin, si es amor, beberemos solo su belleza

y si es amor, comeremos en la misma mesa
y si es amor, lo que nunca compartimos
las vidas que no vivimos juntos, las miradas que esquivamos
las mentiras que dañaron
nada nos importará si es amor…

(Si es amor - Fito Paez)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Momento citação da(s) semana(s)

Não gosto muito de Ana Carolina, mas enfim.... Essa anda fazendo sentido ultimamente....

"Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora"
(Pra rua me levar - Ana Carolina)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Dachau

Em 22 de março de 1933, apenas algumas semanas depois de Hitler ter sido nomeado chefe de Estado na Alemanha, a cidade de Dachau abriu as portas fechadas de um campo de concentração para prisioneiros políticos. Construído para "abrigar" 6.000 seres humanos, chegou a ter 32.000 "trabalhadores" simultaneamente. Tendo funcionado por 12 anos, o lugar serviu de modelo para todos os futuros campos de concentração do Terceiro Império.
Em 17 de maio de 2008, cerca de 63 anos depois de o fim da guerra fechar as portas abertas do campo de Dachau, eu fui conhecer o museu que foi erguido naquele espaço. Os pensamentos que resultaram dessa visita continuam embaralhados, e eu acredito que organizá-los em uma ordem lógica não seja algo possível para mim. Mas também acredito precisar registrá-los de alguma forma, e por isso esse post será exatamente isto: um registro talvez meio desconexo dos pensamentos de uma tarde de visita.

O primeiro contato que eu lembro de ter tido com a idéia da II Guerra foi ainda no colégio primário. A irmã que cuidava das crianças no recreio era uma alemã emigrada ainda adolescente, depois de ter trabalhando na Cruz Vermelha no auge dos anos difíceis. E um dia ela nos deu uma palestra. Falava de como era triste, das pessoas feridas e do medo. E eu aprendi que Guerra = coisa triste.
Depois vieram as aulas de história do Segundo Grau. Além de triste a guerra passou também a ser números, fatos, fotos e nomes. Aprendemos o nome de um cara chamado Hitler e aprendemos que muitas pessoas ficaram sem nome.
Mais ou menos pela mesma época o mundo começou a sair dos limites escolares e eu comecei a ver filmes. Muitos filmes. Impressionante a quantidade deles que gosta de falar sobre Guerras. Dá pra entender, guerras são tristes e fazer chorar é bom pra bilheteria. De Chaplin a Polanski, as versões cinematográficas do holocausto são as mais variadas que a imaginação pode permitir. Mas o que todos eles tem em comum são as lágrimas no final. Ou no meio. Ou já no começo até. "O Pianista" me levou aos soluços. E foi exatamente quando eu, ao pensar sobre esta cronologia dos meus conhecimentos, cheguei na parte dos filmes, que me dei conta de que pisar em Dachau era algo completamente diferente dos contatos que eu tinha tido até então. No cinema eu soluçava. Andando por entre aquelas paredes as minhas lágrimas tornaram-se incapazes de se desprenderem dos olhos. Se eu fosse inventar uma palavra para aquela sensação, seria algo entre "choque" e "incompreensão". Talvez "não-assimilação".
Seja pelos relatos de uma ex-voluntária da Cruz Vermelha, pelas fotos, livros ou filmes, até então a idéia de Guerra (seja a Segunda, a Primeira, a no Iraque ou a dos Farrapos) era uma coisa meio distante, meio literária. Eu tinha aprendido que tudo isso aconteceu de verdade. Mas até agora elas tinham acontecido lááááá. Lá na Alemanha, lá no passado, lá com outras pessoas, com pessoas sem nome e sem rosto. Em Dachau as coisas aconteceram aqui. Aqui neste forno dezenas de milhares do que sobrou de vidas humanas foram incineradas. Aqui neste pátio, nesta terra que agora toca os meus pés, outros tantos desmaiaram de fome e cansaço, reduzidos a esqueletos cobertos de pele. Aqui nesta torre ficavam os vigias que atendiam as preces dos prisioneiros que simulavam uma tentativa de fuga e cruzavam os limites do campo só para se colocarem no alvo de balas e darem um fim ao seu sofrimento. E este cartão postal aqui, com os votos de feliz Natal a uma mãe que ficou distante, e uma fingida alegria para tranquilizar, foir escrita por um ser humano de verdade. Não uma foto sem nome, não um ator que sabe fazer cara de quem sofre. Uma pessoa chamada Xaver.
***
Na entrada do campo os portões permanecem fechados para que os visitantes possam ver as palavras que continuam gravadas, como foram para receber os prisioneiros que lá chegavam: "Arbeit macht frei": "o trabalho liberta". Eu ainda me pergunto se isto foi um sinal de cinismo ou de insanidade. Independente disto, era um lema. Era o resumo do que fez as coisas chegarem onde chegaram: era o centro de uma propaganda.
A primeira sessão do museu se dedica a explicar como foi possível que Hitler chegasse a ser nomeado chefe de estado. A sala, cheia de dados históricos e cartazes de campanha política dão uma idéia. Mas tem algo que eu não encontrei no meio às exposições: o fato de que o homem, simplesmente, sabia falar.
Neste semestre eu tenho duas disciplinas que me puseram em contato com a propaganda nazista. A primeira me levou a ver alguns filmes do partido, hoje facilmente acessíveis no youtube. Todos bem planejados ao extremo, é claro, mas uma das poucas coisas não tão forjadas assim que se pode ver neles é a reação das pessoas frente ao auto-denominado guia da nação. Este sim era um sujeito popular. As pessoas tinham a ele, literalmente, como a um salvador.
E como? Aí chegamos à segunda disciplina do semestre, que versa sobre retórica. Nesta estudamos os escritos de Hitler como os de Platão ou Aristóteles: se temos que admitir uma coisa, é que ele realmente sabia o que fazia. Nos poucos trechos de "Mein Kampf" que eu tive oportunidade de ler (aqui a venda do livro é proibida, a não ser para fins científicos), fiquei abismada com a cientificidade com que ele trata a comunicação. Até a hora do dia, segundo ele, pode ser usada para manipular a assimilação de um discurso.
E daí veio o ponto que desde o começo dessas disciplinas vem perambulando pela minha cabeça de aspirante a comunicadora. Um sujeito desses, com essa inteligência e essa insanidade mental, e com uma coisa chamada "mídia" na mão. Se já chegou no lugar onde vimos nos tempos em que "mídia" significava basicamente cinema e rádio, o que pode acontecer em tempos que qualquer pé-rapado da fabico tem blógue e orkut pra espalhar o que tem na cabeça? Tá que "qualquer pé-rapado da fabico" não tem necessariamente a metade da capacidade retórica que tinha Hitler. Mas sei lá.
De repente, andando por Dachau, uma frase ficava repetindo nos meus ouvidos e não tinha jeito de sair. "Tudo começou com propaganda".
"O trabalho liberta". O slogan continua lá. Até hoje.
***
Confesso que até pisar em Dachau eu achava meio exagerado esse medo todo de se falar sobre o assunto, que paira sobre a Alemanha. Hitler aqui é praticamente um Voldemort, é "aquele-que-não-deve-ser-nomeado". O livro dele é proibido por lei. E eu concordava bastante com a filosofia "melhor seria falar mesmo sobre o assunto pra matar de vez esse fantasma". Mas depois de algumas horas lá dentro eu entendi melhor as pessoas que dizem que falar disso é (ainda) mais difícil do que possa parecer.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Considerações desconexas.

- O que não mata, engorda, já diria o ditado. Se livrar de coisas dá uma sensação boa. Nem que seja a força.
- Aniversários deixam as pessoas reflexivas.
- Na falta de brasileiros, abrace travesseiros. Olha só, até rimou.
- É impressionante a diferença que fazem trilhas sonoras na vida da gente.
- Acho que estou bem. É. Acho que sim.
- E eu tomei chopp direto dum barril de carvalho. Vocês não. Rá.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Uma lagartixa subiu pela parede!

Ai, mamãe!
Mais 3 meses, minha filha, mais 3 meses...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Momento citação (atrasado) da semana

Da série "trilha sonora de março 2008"



Daqui a no mínimo uns 100 anos, vai chegar o dia em que eu, beeeem velhinha e sentada na minha cadeira de balanço pra ver o pôr do sol, vou fechar os olhinhos e acordar num lugar cheio de anjões morenos mega gostosos de cabelo fofo e que tocam violão. Claro que eu vou acordar não mais velha, mas com corpinho de 17 e sabendo dançar que nem a Shakira, mas enfim. Nesse dia quero que meus tataranetos (porque eles já serão adultos então) saibam que esse clipe daria um bom epitáfio (porque até lá os epitáfios serão multimídia e em 5 dimensões).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ô, gente burra!

Já que o assunto virou paixão nacional, vou eu falar também.
A primeira vez que eu li uma notícia sobre a pobre da menina que com 5 anos virou estrela póstuma, lá nos idos tempos em que ainda se dizia que ela tinha "caído" do prédio, eu pensei: naaaah, é certo que não foi o pai. não pode ter sido ele. além de a idéia ser bárbara demais pra ser concebida, ela também é burra demais. Que espécie de pessoa com 2 neurônios na cabeça ia matar a própria filha, atirar pela janela e achar que, sem ter álibi nenhum, era só chamar a polícia que escaparia de suspeitas? Pô, o cara faz faculdade, não pode ser tão estúpido. Além disso, a história da madrasta malvada me pareceu clichê demais pra ser aceita como verdade. De repente podia ser, sei lá, um plano obcecado de algum inimigo maníaco que queria botar ele na cadeia. Quem sabe até a própria ex, vai saber o que uma ex enciumada é capaz de fazer. Mas daí o tempo foi passando, as contradições foram aparecendo, e no fim as provas contra o cara eram tantas que a história se inverteu: se fosse mesmo uma conspiração teria que ter sido algo extremamente bem bolado. Um crime inteligente demais pra ser aceito como verdade. Uma ex enciumada até poderia em algum lugar do mundo ser capaz de atrocidades dessas, mas não seria capaz de pensar tanto.
E eu pensava "naaaaah, me digam que não é verdade. Será que essa gente nunca olha CSI, não?"
Acho que até hoje eu ainda tenho uma pontinha de esperança de que algum dia, em um futuro muito distante, quando estiverem revendo o caso no melhor estilo Cold Case, ainda descubram que não foi o pai, nem a madrasta, nem a irmã feia: foi um mafioso italiano pra quem o cara devia alguns milhões em jogos de poquer. Não que isso fosse diminuir a atrocidade da história. Tirar a vida de um ser humano é uma barbaridade incompreensível tendo sido cometida nas atuais condições ou por um desconhecido qualquer no meio da rua. Mas pelo menos diminuiria a burrice da pessoa.

Se bem que num caso conduzido pela polícia brasileira, o CSI fica mesmo restrito pra quem tem TV a cabo.

A propósito, só alguns links dos últimos dias:
Criança de 2 anos é estrupada dentro de casa em PE
Pai é acusado de matar filha de 39 dias no PR
Bebê morre depois de ser jogada em rio pela mãe
Mãe é suspeita de espancar bebê até a morte em Ribeirão das Neves
Menina morta no Entorno foi estrupada e enforcada

Alguém aí ficou sabendo?

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O dia em que eu acordei as 5h20 da manhã pra trabalhar antes da aula e ainda aproveitei o caminho pra estudar teorias da cultura no trem....

...foi o dia em que eu me dei um tapinha nas costas e disso: é isso aí, garota!

A propósito: quem foi que disse que esse semestre ia ser mais leve, mesmo?

domingo, 27 de abril de 2008

Joss Stone alemoa?

Essa pirralha, do alto dos seus 16 aninhos de adolescência, está entre os 4 finalistas da versão alemã do programa "Ídolos".
Só não digo que já ganhou porque esse outro finalista (que, por sinal, dizem que ela anda pegando) também tem uma bela voz e ainda por cima é tri gatinho.
Enfim, com vocês, Linda Teodosiu:



P.S.: Brunnete, mais injusto do que branquela com voz de negona, só mesmo criança branquela com voz de negona.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Como irritar uma pessoa meiga

Quem já tentou irritar uma pessoa meiga sabe: não é tarefa fácil. Pessoas meigas tendem a encontrar justificativas meigas para as mais irritantes atitudes, pelas quais desculpam os seres que as irritam e prosseguem, dessa forma, em sua meiguice. Mas a despeito de todas as estatísticas, nós asseguramos: irritar pessoas meigas é possível, embora seja um processo longo e complexo.
Tendo descoberto recentemente uma técnica significamente eficaz, vimos por meio deste disseminar tão profundo conhecimento. As seguintes laudas dedicar-se-ão à análise crítica de 1 (um) exemplo concreto* de forma a sistematizá-lo em um esquema prático que introduzir-lhe-á no ainda algo sombrio universo da irritação de pessoas meigas.

1° - O ponto de partida
Pessoas meigas têm por natureza um espírito controlado, o que significa que dificilmente tornar-se-ão irritadiças se não houver um motivo muito concreto. Faz-se, portanto, mister, que o ponto de partida seja cuidadosamente trabalhado. Crie uma atmosfera confortável e, acima de tudo, amigável. Pessoas meigas dão muito valor à sensação de confiabilidade oferecida pelo ambiente ao seu redor.
-----Reconstituição da conversa inicial: agência de viagens, junho de 2007-----
M. - ... Mas ainda não sei o tempo de viagem, como podemos fazer com a data da volta?
I.- Quanto a isso você não precisa se preocupar. Esta passagem permite que se faça tantas alterações de data quanto forem necessárias sem cobrança de multa. Aconselho que você agende uma marca qualquer, compatível com seu visto, e assim que definir a data de volta, entre em contato para que façamos a alteração.
M.- Mas não tem multa mesmo?
I.- Não, enquanto as alterações forem feitas no âmbito da agência, sem contato direto com a companhia aéra, não há multas para passagens estudantis. E você pode alterar quantas vezes quiser.

Passo 2 - A confirmação
Uma das maiores dificuldes em se irritar uma pessoa meiga vem do fato de que elas têm uma obsessão por mal-entendidos. Uma pessoa meiga, quando do desencadear de uma situação irritante, sempre buscará fontes que a possam convencer de que tudo não passou de um mal-entendido e que, por isso, não há motivos para irritação. Para evitar que tal compulsão comprometa seu desempenho, confirme todas as informações, de preferência por escrito e em diversas ocasiões, de forma a eliminar qualquer margem de ameiguização da atitude irritante.
-----Excerto de e-mail referente à 1ª alteração na data, Novembro de 2008-----

Oi M. !
Eu alterei a sua volta para o dia **/**, conforme cópia da reserva abaixo, deixa assim até você saber a data certa do retorno, aí posso alterar novamente aqui e ai você faz a alteração numa loja da Air France ( sem multa )
Qualquer dúvida, estamos à disposição !
Obrigada !
I.

3° passo - A espera
Nesta fase, a paciência é muito importante. Uma visível insistência tornaria evidente a intenção de irritar, o que levaria a pessoa meiga a identificá-lo de pronto como pessoa irritante e, conseqüentemente, a desenvolver uma espécie de imunologia emocional com a qual desconstruiria qualquer espécie de espectativa humano-sentimental. Lembre-se: não há frustração sem espectativa prévia, e a frustração é ponto de importância máxima em uma situação irritante. Portanto tenha paciência e aguarde até a pessoa meiga dar o próximo passo.

4° passo - O primeiro impacto
Quando chegar o momento, frustre a pessoa meiga. Repare com que maestria a pessoa irritante contradiz a informação inicial com extrema naturalidade. Este ponto merece especial atenção porque a naturalidade
a) leva a pessoa meiga a crer que a informação frustrante estivesse previamente esclarecida, b) conseqüentemente faz com que a pessoa meiga retorne aos arquivos iniciais em busca dos já ditos indícios de um possível mal-entendido, implicando em esforço e mais frustração ao obter resultado negativo em sua busca e c) evita que a pessoa meiga compreenda as reais intenções da pessoa irritante, eximindo-a de qualquer suspeita de culpa. À naturalidade, como demonstra o exemplo, pode-se completar a condição de intimidade e segurança estabelecida desde o primeiro contato através de palavras amigáveis.
Observe que a transação envolvendo o dinheiro da pessoa meiga já fora efetuada quando da redação do seguinte e-mail, o que, além de proporcionar um motivo a mais de irritação, aumenta a ânsia da pessoa meiga por encontrar um mal-entendido que justifique a atitude irritante.
-----Excerto de e-mail referente à 2ª alteração: abril de 2008-----
Oi M.!
(...)
Quanto a alteração de data consegui confirmar para o dia 14/08, e referente a multa para alteração, as cias exeto a Aerolíneas estão cobrando, aproximadamente U$ 75 à U$ 100 de taxa de remarcação pagas no aeroporto quando fizeres a remarcação, ok ?
Em seguida lhe passo a cópia da reserva !!
Abraço,
I.

5° Passo: A consternação
Aguarde a reação da pessoa meiga. Repare na consternação causada a esta pelo 4° passo. A pessoa meiga buscará, de todas as formas esclarecer o que ainda tenta acreditar ser um mal-entendido.
-----E-mail referente à situação irritante: abril de 2008-----
Ola!
Nao entendi muito bem... tu tinhas falado que a alteracao seria sem multa (conforme troca de e-mails abaixo). Ou essa (de 75 a 100 dolares) se refere ao caso de eu fazer a parada em SP?
Att,
M.

6° Passo: O golpe final
A consternação é o último passo antes da irritação. Esta fase é, portanto, decisiva para definir o sucesso ou não dos esforços da pessoa irritante. Observe o ar de inocência com que a pessoa irritante se situa na posição de vítima e coloca-se à disposição da pessoa meiga. Dessa forma ela busca eximir-se da culpa ao mesmo tempo em que, por outro lado, em nenhum momento efetua um pedido de desculpas pelo mau conselho dado inicialmente ou pela situação constrangedora resultante no final. A contradição é fator sublime na busca da irritação e a oposição grosseria-amabilidade confere à pessoa irritante tal incredibilidade que o sucesso da situação irritante só com muita dificuldade poderá ser revertido.
Para um efeito ainda mais impactante e 100% seguro, brinque de Hebe Camargo. Como já dito anteriormente, pessoas meigas tendem a buscar explicações para as atitudes irritantes, sendo capazes de aceitar irresponsabilidade, burrice e grosseria como caracaterísticas inerentes à pessoa irritante e, portanto, indignas de promover irritação. Mas brincar de Hebe Camargo é uma tática a qual nem mesmo a mais meiga das criaturas consegue resistir.
-----E-mail final: abril de 2008-----
Oi M.!
Não querida, essa multa as cias começaram a cobrar recentemente, todas exeto a Aerolíneas estão cobrando multa para alterações também para tarifas de estudante, fiquei sabendo quando fiz a alteração na cia semana passada e quem determina exatamente o valor da multa é a cia no país do destino !
(...)
Qualquer dúvida, não deixe de contatar !
Atenciosamente,
I.

Como diz o velho provérbio chinês: vai chupar um *caramelo*!!! E querida é a *bicicleta* da tua vó!

*Os nomes serão preservados, identificando-se por I. a pessoa irritante, e por M. a pessoa meiga.

sábado, 19 de abril de 2008

De elevador...

Depois de lerem os posts de verdade, leiam isto.
Sério. Por favor. Façam isso pelo bem do humor de vocês!

(Queria fazer algum comentário mais detalhado a respeito da matéria, mas são tantos que nem tem como escolher!)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Post retardado

Já que não tenho nada de novo pra escrever, escrevo algo de velho.
E embora eu tenha dito que não escreveria sobre março de 2008, eu vou escrever sobre março de 2008. Sobre dois dias, mais especificamente. Ou sobre dois momentos, bem curtos, bem singelos, mas que servem pra encher um dia sem idéias pra esse blógue. Dois momentos de saudade.
O momento de saudade número 1 foi na Páscoa. No sábado de Páscoa. Na saída da vigília, naquele momento em que o padre diz amém e as pessoas partem para os desejos de feliz páscoa, os sorrisos enormes, e os abraços muito apertados. E no meio de um contexto que seria muito enorme pra descrever aqui, eu me peguei pensando numa coisa que eu já sabia desde que decidi a data da viagem, mas que só então eu percebi de verdade: que ali, naquela hora, eu não tinha ninguém pra desejar feliz Páscoa. E lembrei dos abraços do ano passado, e dos de todos os anos passados, e dos sorrisos, e dos beijos dados naquelas pessoas que são e sempre foram o meu chão e o meu ar. E quis ligar pra casa naquela hora mesmo mas, em parte pelo medo de ficar catando moedinhas à noite em uma rua de uma capital desconhecida, em parte pelo receio-quase-certeza de que abriria uma choradeira quando o telefone fosse atendido, acabei voltando ao plano original de deixar pra ligar no domingo. Pensei em dar umas voltas pela cidade e convensar com os meu botões, mas o frio e a chuva me fizeram ir conversar com eles no albergue-pulgueirão cheio de pessoas barulhenteas e metidas a engraçadinhas. e dormir de olhos cançados e coração cheio.
O momento de saudade número 2 foi umas duas semanas depois. Quando peguei um CD qualquer, sem inscrição alguma, e botei no player do carro do Plock seu monster. E dois acordes adiante ouvia Take on Me. E sem pensar a respeito me vieram zilhões de imagens, pessoas e momentos na minha cabeça. E eu percebi que estava com saudade de uma coisa nova: não era do Brasil, nem do Rio Grande, nem de PoA. Era - pasmem! - da Fabico. Mas espera. Saudade da Fabico? Tá, vamos esclarecer. Também não era exatamente da Fabico, era dos Fabicanos (e guardem esta declaração de amor com muito carinho, meus caros leitores fabicanos, porque este post precisa seguir adiante e vocês infelizmente não são o assunto principal. Mas sim, deu saudade enorme de vocês). E com eles, também a saudade da minha fabicana preferida, aquela de quem, desde o final do ano passado, eu vivo repetindo que sinto saudades. Mas que só naquele pequeno momento, ouvindo Take on Me na volta de Freiburg, eu percebi com toda a sua força, como uma martelada no dedão do pé, o tamanho da falta que faz na minha vida. Sim, senhoras e senhores, estou falando da Brigitte.

E por que raios eu resolvi escrever essas coisas tão "querido diário"?
Porque esses dois momentos foram de uma saudade imensa, mas também imensamente diferente daquela que eu já conhecia.
Em alemão existe uma palavrinha interessante para definir algo parecido com saudade, cuja tradução literal é "dor do lar". Acho uma palavra bem bonita, na verdade, mas meio forte demais e, por isso, sempre que as pessoas me perguntavam seu eu tenho "dor do lar", para não ser muito insensível eu respondia "tenho, mas hoje já não dói mais". Mas o fato é que eu só consegui entender o real significado dessa minha resposta pré-pronta depois desses dois pequenos momentos de saudade 1 e 2. Foram as primeiras crises de saudade que eu tive que não foram uma dor do lar. Foram um amontoado de lembranças e sentimentos, que misturavam a falta, a alegria pelo que eu venho ganhando em contrapartida a essa distância toda, e um agradecimento imenso por ter, em algum lugar lá longinho, algumas já no passado, outras que voltarão em um futuro bem próximo, essas pessoas todas que tornam a minha vida mais colorida.

Mas se você leu esse texto até aqui eu preciso informar que a parte que realmente importa vem agora:
A Paula, neste post do blógue dela, escreveu sobre as voltas que dá a vida da gente. E ao falar sobre as fases felizes ela disse que "Dá até um pouco de medo de escrever isso. Daqui a pouco as coisas viram outra vez e o carnaval acaba." O que é uma grande questão que tem tomado conta da minha cabeça nos últimos meses também. Mas depois desses dois momentos meigos que citei acima, eu começo a pensar que, talvez, esse medo seja enfim desnecessário. Porque me parece que, quando o mundo aparenta ter dado uma volta de 540graus, não foi o mundo que mudou, realmente. Embora a idéia seja muito confortável, seria egocentrismo acreditar nela. O que mudou é o nosso jeito de ver o mundo. Tentei pensar como estava a minha vida a exato um ano. E percebi que todos os "problemas", os motivos das lástimas constantes e das lágrimas até em novela das oito, ainda estão aí. Todas as coisas de que eu sentia falta há 366 dias, continuam faltando hoje, e eu nem ao menos vesti a máscara de despeitada pra dizer "eu nem queria mesmo" - ao contrário, todas essas coisas eu continuo buscando, e continuo sem saber se um dia vou encontrar. A diferença é que essa busca agora, assim como a saudade, não dói mais.

As novas saudades não são saudades novas. São apenas novos jeitos de ver as velhas saudades. Assim como as novas felicidades não são, na verdade, felicidades novas, mas sim um jeito novo de tomar conhecimento das boas e velhas felicidades, que sempre estiveram lá mas a gente esquecia de ver.

domingo, 13 de abril de 2008

É tudo puta!

Nunca antes tinha pensado que esfregar privadas alheias pudesse ser uma atividade tão prazerosa. Até chegar o dia em que alguém me pagou por ela.

sábado, 12 de abril de 2008

Pequeno comentário a sério - 5

Porque nem tudo são humoristas bregas e sensações de mega-fodissidade
Enquanto no Brasil o combate à dengue completa alguns aniversários cheios de persistentes campanhas de conscientização e mutirões de erradicação do mosquito, feito por trabalhadores pagos e por voluntários, no lado nobre do mundo as notícias sobre um tal de mosquito-tigre asiático, ou Aedes albopictus - parente próximo do Aedes aegypti - começam a chegar. O programa "pessoas da semana", uma espécie de Jô Soares mais sem-gracinha da Suábia, entrevistou essa semana um biólogo chamado Dr. Norbert Becker, que trouxe notícias a respeito deste tão temido mosquito e as suas doenças letais.
O Dr. Becker começou esclarecendo detalhes sobre o vetor e as doenças. Mostrar fotos, divulgar a aparência e encher o discurso com expressões apocalípticas foram os primeiros passos que reconheci com uma sensação quase de "estou em casa". Mas, como tudo aqui, não demorou para que também essa singela entrevista começasse a assumir um caráter... como dizer... diferenciado, talvez. Depois de o biólogo explicar aos caros telespectadores que o responsável pelo iminente fim dos tempos é um animal proveniente da Ásia e aconchegantemente adaptado também a África e América do Sul, e que estava perto de iniciar sua infiltração em terras européias trazido por imigrantes/viajantes provenientes de tais áreas, o moderador fez a clássica pergunta: e como podemos nos proteger deste mosquito? Me indireitei no sofá para aprender expressões novas, como "emborcar", "pratinhos de flores" e "água sanitária", em alemão. Sim, porque por mais diferentes que sejam os continentes, o modo de prevenção a uma doença em comum deve ser o mesmo, certo?
Errado. Na Alemanha o combate à dengue é feito através de inseticidas e telas nas janelas.
*
Um dos primeiros posts da Pequena Lagartixa versava sobre minha admiração e respeito quanto ao espírito de "correteza" existente por esses pagos. Um mundo livre de catracas, o paraíso! Mas, como já tenho observado desde anos longínquos, para mim a primeira impressão costuma ser a que se vai. "Todo mundo tem uma consciência" foi realmente uma frase de impacto, mas um eufemismo. Um eufemismo para "todo mundo tem uma conta bancária e impostos a pagar". Porque toda essa "correteza" gira em torno da análise custo-benefício. É claro que aqui as catracas são dispensáveis. Porque quando o tio Murphy diz olá e o controlador aparece, não tem choro, vela e nem proprina que livrem um viajante clandestino de pagar a multa por não ter pago a passagem do trem. Uma das primeiras palavras novas aprendidas na prática foi "Pfand", segundo o Michaelis "Penhor" ou "Garantia", e que designa um preço acrescentado ao produto adquirido, a ser devolvido ao consumidor assim que este realizar uma determinada ação. Aqui existe Pfand pra tudo. Preciso de um carrinho de compras no supermercado? Deposito uma moedinha no cadeado, que me será restituída assim que eu devolver o carrinho ao seu devido lugar. E desse jeito, ó mágica!, não há carrinhos vazios abandonados entre as prateleiras nem nos estacionamentos! Preciso de um lugar no guarda-volumes da biblioteca? Por Pfand, tudo é possível! E assim a consciência faz como que os alunos liberem seus espaços no armário sempre que deixam o recinto. Alemanha é um país que chama a atenção por sua consciencia ecológica. A primeira coisa que as crianças aprendem, depois do gugudadá, é como se separa o lixo, e sua consciência origina nelas o bonito hábito de levá-lo pessoalmente aos contêineres da cidade. Ou era o que eu pensava até descobrir que, na verdade, o recolhimento de resíduos por parte da prefeitura é um serviço caríssimo para quem quiser botar suas sacolinhas na rua diasim-dianão.
*
E vocês me perguntam: o que tem o cú a ver com as calças? No caso, minha resposta é: a origem.
E por origem eu considero aqui o individualismo - que é muito diferente de individualidade (não confundam freqüência com potência, meu caros!). Sim, se aqui o recolhimento de embalagens retornáveis é uma coisa que funciona, isto tem sua base na consciência dos cidadãos. Mas essa consciência não é a busca por descobrir o certo, o melhor ou o justo, como minha primeira visão deslumbrada por um mundo de esquilos e casinhas com jardins tinha me feito supor. Consciência é, no primeiro como no terceiro mundo, a busca por descobrir o que eu vou ganhar com isso. É óbvio que aqui se anda muito de trem e bicicleta: o preço da gasolina é uma das maiores queixas que se ouve no país!
Comecei a desconfiar disso quando descobri que aqui as doações de sangue ainda são feitas em troca de dinheiro. O que torna a palavra "doação" terrivelmente cínica.
Nesse contexto, não espanta a resposta do biólogo, nem o fato de, procurando pela entrevista no site da emissora eu só ter encontrado um levantamento das variedades de repelente existentes no mercado. Por que se preocupar com o tratamento da doença? Por que gastar energias desde agora na conscientização sobre métodos de erradicação do mosquito? Basta comprar meu repelente, cobrir minhas janelas, e se e o vizinho de baixo não quiser (ou não tiver dinheiro para) fazer o mesmo, problema é dele. Se ele pegar dengue, não sou eu que vou morrer. A não ser que medidas de prevenção sejam incluídas em lei e passíveis de multa, daí o meu vizinho que não ouse burlar o sistema - porque neste caso eu sairia perdendo, nem que fosse perdendo a chance de burlar também. Mas até lá, eu me tranco na minha casa ultra-protegida e deixo os mosquitos pro terceiro mundo.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Bando de desocupados!

E a gente ainda reclama de fabicano, diz que é tudo um bando de vagal, reclama dos professores e bla bla bla! Pois, estou chegando a conclusão de que o problema não é a fabico, são os comunidores, seja na ufrgs ou em marte.
Uma colega minha que faz intercâmbio na administração já recebeu as notas das suas provas antes mesmo de acabar o semestre passado. Já eu, das duas que escrevi no começo de fevereiro, uma teve os resultados disponibilizados só na última semana (a propósito, eu não só passei como também passei bem pra caralho e tou me sentindo mega fodona por isso =P), e a outra não terminará de ser corrigida antes de maio, segundo o professor. Tá que as turmas eram grandes, mas pombas, dois meses? se o tiozinho se dignar a corrigir 3 provas por dia já termina antes disso!
mas sejamos justos, o da segunda prova, na verdade, é da área de direito =P

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mudando conceitos

Quem ainda não tinha encontrado um bom motivo para aprender alemão, este é o melhor: poder entender as músicas desse cara aqui!



Ele é, simplesmente, gênio! Tá, tá, sejamos justos, Alemanha tem alguns humoristas bons =)
(Aos que entendem alemão e não conhecem o cara, vejam o vídeo por esse link aqui. o vídeo é um tosco caseiro feito por pessoas desocupadas, mas a letra está mais completa do que no outro e é beeeeem mais divertida =P)

Antes tarde do que mais tarde ainda!

E eis que, quase 7 meses depois, este blógue terá acentos, cedilhas, tils e todos os etecéteras a que ele tem direito!!!!
Sim, descobri como encontrá-los. E é um negócio tão elementar! Porque raios ninguém tinha me contado antes? Difícil agora será reaprender a grafia da língua portuguesa. E eu que já estava começando a ter problemas com a gramática, depois dessa overdose de gramática alemã...
E de quebra, descobri como organizar os links ali do lado em ordem alfabética! dã.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Para todas as outras, existe Mastercard

Viajar eh otimo, mas depois de 1 mes "morando" em albergues, a gente descobre que algumas coisas nao tem preco. Segue uma lista com as mais notaveis:
- tomar banho de pes descalcos
- sentar no vaso pra fazer xixi
- caminhar sem uma mochila nas costas nem uma pochete na barriga
- distribuir as refeicoes ao longo do dia, em vez de trabalhar com sistema de "armazenamento" de calorias (estilo entope-no-cafe-da-manha-pra-nao-gastar-com-comida-depois)
- silencio pra dormir
- se comunicar em uma lingua conhecida
- ausencia de filas. ao menos de filas de 4 horas em baixo de chuva.
- caminhar sem mapas na mao.

La e de volta outra vez

Voltei, voltamos!
E tentar contar nesse blog tudo o que aconteceu nesse ultimo mes, ou tentar descrever tudo o que ele significou na minha vida, seria tarefa insana e inutil. Entao, sinto muito, criancas, mas voces vao ter que se contentar com as fotos. Alias, quem quiser ve-las me diga "eu quero", que assim que elas estiverem legendadas eu mando o endereco por e-mail.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

utilidade publica

ausentar-me-ei por uns tempos. nao se preocupem: eu volto.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

in memoriam

a Pe. diziam que ela era feia, mas eu digo que ela tinha o seu charme. dos olhos vermelhos aos dentinhos miudos, algo tinha ela de encantador. a Tchuska, como acho que so eu a chamava. quietinha, carinhosa, nunca deu motivos pra queixa. e braba era ela. pobre da piazada que tentasse pular a cerca atras da bola de futebol. Pepe, para as criancas. amiga da Popo, era o seu contraponto perfeito. a Pe, velha de guerra, guaipeca que era botava no chinelo tudo que eh yorkshire de madama. ha anos vinha contrariando qualquer estimativa e nao se entregava, a bichinha. e eu nem tinha muita paciencia para a pobre. mas gostava dela. nunca esqueci o dia em que fui com a prima busca-la ainda filhote e assisti ao seu batizado. nao lembro mais que idade eu tinha, so sei que era muito pirralha. a boa e velha Pe. tu ja entrou pra historia, sabia?
e ja que nao pude me despedir pessoalmente, deixo-te uma ultima, mas carinhosa mensagem, aquela que tu tantas vezes ja ouvistes por esta tua longa vida canina:
"Petruska, tu eh feia!"

descanse em paz.

pequeno comentario a serio - 4

porque nem tudo sao coelhos fofos e batata com maca

hoje eu li uma coisa interessante. citando exatamente, o texto eh assim:
"o brasil tem indiscutivelmente um grande futuro. (...) o governo atual, despotico, arbitrario, impostos elevados e uma montanha de dividas, uma estrutura administrativa que privilegia a funcao publica, desvios de milhares de contos de reis estao na ordem do dia. a gente pede, implora, xinga, pragueja e, ao final, se consola na espera de dias melhores. nossos bons tempos foram enterrados com o imperio, e a nossa gloriosa republica ainda nao trouxe mais do que desenganos."
e o que tem de interessante num texto tao cheio de cartas marcadas?
reparem que ele nao fala em milhoes de reais, mas em "milhares de contos de reis". esse trecho foi tirado de uma carta escrita pelo meu bisavo a um sobrinho seu ha exatos 101 anos, 11 meses e 2 dias.
eu sempre fui uma alienada confessa. com excessao do municipio eu sempre votei nulo, porque tenho consciencia de que nao entendo de politica e votar por propaganda seria mais irresponsavel do que nao votar at all. e na verdade nao me orgulho disso. nao acho legal quando, nessas de intercambio cultural, as pessoas vem me perguntar sobre a politica e economia do meu pais e eu procuro rapido algum outro brasileiro ao redor e digo "pergunta pro fulano ali na outra mesa, ele entende melhor disso do que eu". tanto me envergonho que ultimamente deixei de me auto-intitular uma alienada confessa para assumir a posicao de uma aspirante a ex-alienada em construcao.
nao, eu nao me orgulho, mas o que me fez ser uma alienada confessa por tanto tempo, e o que torna a jornada de aspirante a ex-alienada em construcao tao dificil de ser levada ate o fim, eh que eu simplesmente nao acredito em politica. nao eh que eu nao confie, ou que nao goste. eh que eu nao acredito e ponto. assim como tem gente que nao acredita em deus, outros tantos que nao acreditam em acupuntura e outros ate que nao acreditam que elvis tenha morrido.
"o brasil tem indiscutivelmente um grande futuro"
, escreveu o seu Johann. ha 101 anos, 11 meses e 2 dias. ele acreditava. mas a mim ja a simples ideia de politica nao faz sentido. porque ela eh feita por pessoas e para que uma coisa feita por pessoas funcione eh preciso que caracteristicas inerentes ao ser humano sejam completamente exterminadas. orgulho, ambicoes e carencia, pra comeco de conversa. se hitler tivesse trocado umas ideias com freud quando era adolescente, sabe la quantas pessoas podiam ter sobrevivido. se fazer uma amizade, um casamento ou uma relacao de trabalho dar certo ja eh algo que requer esforco e boa vontade de todas as partes envolvidas, como querem que eu acredite que as relacoes que ligam um pais inteiro podem funcionar? talvez futuramente, quando os cientistas ja tiverem desenvolvido uma especie trangenica de ser humano. ate la eu continuo descrente.
eu acho bonito essa coisa de sonhar com um sistema perfeito, com gente competente e de bom coracao, com acoes altruistas e a inexistencia de corrupcao. e como aspirante a ex-alienada em construcao, eu acho importante alimentar essa esperanca e nao deixar de trabalhar por isso. mas entre manter a esperanca e acreditar realmente vai uma grande diferenca.

algo de muito estranho

algo de muito estranho esta acontecendo por aqui. alguns sinais de que a situacao comeca a ficar preocupante:
- no meu caderno voce pode encontrar frases como "para processos de Privatrecht gilt die Verhandlungsmaxime." pra facilitar, sabe?
- outras coisas divertidas como juntar palavras em uma so e iniciar substantivos com caixa alta tambem comecam a aparecer quando eu escrevo em portugues.
- no RU comi varias vezes bolinhos fritos de batata (sim, salgados e quentes) com musse de maca (sim, frio e doce). e gostei.
- a ultima vez que eu sai pra dancar foi no ano-novo.
- ha pouco tempo encarei sentadas de 6, 7 horas na biblioteca estudando direito alemao. e isso nem me deixou entediada.
- comecei a acordar sozinha antes de o despertador tocar.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

explodem o coracao

fui responder a meme da luci
"5 músicas que explodem teu coração. em todos os sentidos, as músicas que explodem de alegria e dá vontade de sair gritando e pulando pela rua, as músicas que explodem de saudade, que explodem de raiva, e assim por diante, as que explodem, não sei explicar."
e acabei descobrindo que eh mais dificil do que parece. porque explodir o coracao eh uma coisa que faz parte do conceito de musica. escolher 5 eh impossivel. mas como eu gosto desses brinquedinhos, respondo mesmo assim, ressaltando que essas sao so as primeiras que eu lembrei. e repasso pra quem quiser responder =)

1 - hurricane 2000 - scorpions com a filarmonica de berlin
2 - vida de gado - ze ramalho
3 - don't stop me now - queen
4 - o zittre nicht, de "a flauta magica" - mozart (em especial os 2min finais)
5 - vida - chico buarque (por incrivel que pareca, nao achei no youtube)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

mas que venha em forma de bife!

Pensei varias vezes sobre como eu poderia comecar esse post. resolvi comecar dizendo que eu pensei varias vezes como eu poderia comessar esse post.
enfim, criancas, o semestre acabou. e se alguem me perguntar como eu tou me sentindo, acho que a resposta mais honesta seria justamente, que eu pensei varias vezes. como eu poderia comecar esse post. esse tao esperado post sobre o final do primeiro semestre. pelo menos pra mim.
a primeira coisa que eu percebo agora - e tambem a coisa do meio, e a ultima coisa - eh que de acordo com as informacoes originais agora eu ja teria que estar fazendo as minhas malas, por mais que eu nao goste de gerundios. e que aquilo que eu pensava no comeco se confirma de forma gritante: que 1 semestre nao chega, de forma alguma.
se por um lado os resultados da primeira etapa estao aquem da ideia fabulosamente magica que eu tinha dessa brincadeira toda, por outro eu acho que la no fundo eles estao bem alem do que eu andava me julgando capaz antes de resolver brincar de terapia do joelhaco.
meu alemao nao esta tao perfeito quanto eu imaginava que estaria a essa altura. meus erros de gramatica me irritam horrores. por outro lado as pessoas, de modo geral, conseguem entender o que eu falo, embora eu ainda nao consiga falar tudo o que quero. mas enfim, eh um progresso se considerarmos que ha 5 meses meu vasto vocabulario me obrigava a citar a cinderela para tentar explicar a revolucao farroupilha.
as cinco cadeiras comecadas viraram duas, e nessas duas as chances de conseguir a nota minima pra uma aprovacao nao sao muito animadoras. nao morri virando noites a po de cafe pra poder dizer que cheguei ao extremo fisico em prol das ditas cujas. mas tenho que admitir que fui muito alem daquilo a que a fabico me acostumou - e que eu acreditava ter virado meu mediocre limite. e calei a boca daquela parte malvada de mim que ficava me segredando ao ouvido "tu nao sabe te dar motivos pra se orgulhar. tu procrastina. eh assim e pronto" enquanto ria baixinho. nao ultrapassei a capacidade fisica, mas descobri que existe uma capacidade humana. e que seu limite pode ser buscado e deve ser respeitado.
quanto aos fantasmas, 5 meses nao chegaram para exorcisa-los. mas hoje eles nao tem mais uma cara tao feia.
5 meses nao foram suficientes. 11 provavelmente nao vao ser tambem. mas eu acabo de perceber que o que eu busco aqui nao tem prazo de validade.
e esse post diz muito mais do que eu quis escrever.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

saldo de um fim de semana de esqui

uma calca e uma luva rasgadas, tombos, dores musculares e hematomas que ainda me acompanharao por um bom tempo, tombos, fotos e videos super divertidos para mostrar para os netos, bisnetos ou tataranetos um dia (lalalaaaaaa - lalalalaaaaa), tombos, gargalhadas e... ah, sim! tombos! e no final a sensacao incompensavel de "quem foi que disse que eu nao conseguia? hein? hein?". sim, porque apesar de a maquina so ter registrado os momentos bizarros, no final tava ate bonitinho, que eu vi ^^

p.s.: bendita seja a cabecudisse!

p.s.2: a felicidade eh (mesmo) um par de botas curtas. literalmente.

kuschel kuschel kuschel kuschel!!!

e depois voces ainda querem me convencer que alemao nao eh uma lingua fofa!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

olha olha olha olha a agua mineral!

devo contar algo que eu descobri e que nunca imaginaria: na alemanha nao so existe carnaval, como tambem ele eh uma data extremamente importante. me arriscaria a dizer inclusive que ele eh mais longo do que no brasil.
oficialmente o tempo carnavalesco comeca todo ano em 11 de novembro e vai ate a terca-feira fatidica, mas as festas de verdade aparecem so a partir de 06 de janeiro, que eh quando termina o tempo de natal. desde entao todo dia eh transmitida alguma festa (acho que) ao vivo de alguma cidade importante do pais. e "todo dia" nao eh recurso linguistico - eh TODO dia mesmo. obviamente as comemoracoes alemas sao completamente diferentes das brasileiras, sem samba nem mulher pelada (que peeeeeeeeena), mas o principio eh o mesmo: permitir-se fazer tudo aquilo que nao se faz no resto do ano.
nao, eu realmente nao imaginaria.

domingo, 27 de janeiro de 2008

tudo vai dar certo no final

mais 3 semanas, mais 3 semanas, mais 3 semanas

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

como economizar 10 anos de terapia - em duas licoes

licao numero 1 - escolha um punhado de coisas que tu te julgas incapaz de fazer.
licao numero 2 - faca. (com cedilha)

para um melhor resultado, execute a licao numero 2 para todas as tarefas simultaneamente.

domingo, 20 de janeiro de 2008

figurantes

eh engracada essa coisa de pegar trem todo o dia.
tem, por exemplo, o cara de mochila e meio careca, que penteia os cabelos do lado por cima da cabeca na tentativa de disfarcar a calvicie. ele parece ter desenvolvido uma tecnica altamente complexa pra driblar o pouco tempo de baldiacao, porque consegue acertar sempre qual eh a porta do trem que vai parar de frente pra escada da passarela.
dai tem o menino tri gatinho, cabelo baguncado, oculos quadrados e fones de ouvido gigantescos, que inclusive ouve as mesmas palestras que eu na universidade. tou tentando descobrir se os olhos sao azuis ou castanhos, mas ele passa as viagens inteiras olhando pela janela do trem.
tem tambem o magrinho cabeludo, que pega os dois trens - mas eu nunca reparei em que cidade que desce. ele tambem faz as mesmas cadeiras que eu e responde 6 em cada 5 perguntas que o professor faz. parece ser um cara meio solitario, mas as vezes eh visto trovando umas gurias no intervalo das aulas de direito.
tem o senhor de barba cerrada, que faz o primeiro trajeto de carro, pra nao correr o risco de perder o segundo trem. e a senhora de cabelos ate o ombro e meio grisalhos, possivelmente conhecida dele, que tentou chulhar uma carona para esse primeiro trajeto, mas parece nao ter conseguido. ela trabalha com horarios irregulares mas nao pode se atrasar. talvez seja professora.
tem ainda o senhor de terno e postura correta que senta sempre no corredor, as gurias que sentam no fundo do trem e depois atravessam todos os vagoes na hora de descer, o cara mais gordinho de cabelo emo que esta sempre com algum amigo, as criancas que entram na metade do caminho...
e tem tambem aquela guria. olhos azuis e meio branquela, passaria bem por alemoa, nao fosse a mochila visivelmente latino-americana e o fato de passar as viagens inteiras decorando vocabulario. a nao ser quando o menino dos fones de ouvido gigantes senta no mesmo vagao e a concentracao da moca fica visivelmente prejudicada. quando neva ou chove forte ela usa botas de plataforma pra nao molhar o pe. mas talvez ninguem perceba.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

surpresa chinesa

a coisa mais interessante de frequentar a verdadeira babel que eh essa cidade, eh que cada dia a gente aprende alguma coisa nova sobre culturas e as pessoas que fazem parte delas.
numa aula em que conversavamos sobre as fontes de energia utilizadas aqui, um chines levanta a mao e pergunta:
- mas e que porcentagem dessa producao [de eneregia nuclear] eh utilizada para a confeccao de armas?
- a alemanha nao tem armas nucleares.
- nao tem??????? (e se atira no encosto da cadeira, com uma expressao de extrema surpresa na voz)

domingo, 13 de janeiro de 2008

agora vai?

o sindicato dos maquinistas prometeu (mais uma vez) decidir essa semana se vai se contentar com a contra-proposta dos patroes, ou se seguira nas greves que, se eu nao me engano, duram ja desde agosto ate conseguirem os seus reivindicados 31% (!!!!!!!!) de aumento.
nao sei se o que eles ganham atualmente eh muito ou pouco pro custo de vida europeu (embora, mesmo sem converter, eu conheco muito brasileiro que ficaria bem faceiro com 2000 pilas por mes numa profissao sem estudo, sem risco e com bem poucos horarios ingratos). o que eu sei eh que se a moda pegar, e os 31% a mais tambem forem pedidos pelos cobradores, bilheteiros, atendentes, administradores, faxineiros e quem mais que trabalha la, eu vou comecar a andar a pe. se agora, por exemplo, um nao-estudante paga 8,70 para dois dias num trajeto de 5 minutos (sem direito a levar criancas ou cachorros), quero nem ver onde as tarifas vao parar depois disso tudo.

sábado, 12 de janeiro de 2008

10 mais

Aceitando o desafio da Brunette faco tambem a minha lista de 10 homens desejaveis e 10 mulheres invejaveis. os vencedores nao estao, de forma alguma, por ordem de preferencia. e eu passo o desafio adiante, para os leitores com blogue.

10 homens desejaveis
1 - comecando pelos cliches, invoco meus 13 anos para citar a paixao universal: Brad Pitt ^.^ Sim, eu sei, mas que que eu vou fazer se ele eh simetricamente perfeito?
2 - Falando em cliches, nao posso escapar a mais um: Johnny Depp. Ele pode ate dar medo, mas de todos os filmes que eu conheco, so conseguiram deixar ele feio para a fase sifilica de "O libertino" e com aquele visual michael jackson de "A fantastica fabrica de chocolates". mas fora isso, ate albino, cheio de cicatrizes e com maos de tesoura ele fica cuticuti.
3 - seguindo o brainstorm, vamos de Orlando Bloom, o pirata mais lindo que o caribe ja viu. eh outro que ate loirinho e de orelhas pontudas fica uma gracinha.
4 - e ja que chegamos ao senhor dos aneis, faca-se justica ao rei Aragorn. o Viggo Mortensen impoe tanto respeito que a gente quase esquece que tem olhos claros.
5 - partindo pro Brasil, temos outro cliche indiscutivel: Rodrigo Santoro eh, sensatamente, uma paixao nacional. e ainda por cima eh bom ator.
6 - ta, chega de atores. o proximo da lista eh Zeca Baleiro. ele nem eh tao bonito, mas eu sou uma maria palheta declarada e ele toca violao deliciosamente, tem uma voz linda, e escreve coisas que toda mulher quer ouvir. se cantar "alma nova" pra mim, eu caso.
7 - falando de musicos, Toni Garrido entra na lista. lindo, simplesmente.
8 - Fabio Gomes da Silva. medalhista de salto com vara no ultimo panamericano. sao atletas como ele que mostram que meu desinteresse por esporte ainda tem salvacao. bracos perfeitos, pernas perfeitas, torax perfeito, e um rosto tri bonito, pra variar um pouco esse mundo de jogadores de futebol.
9 - lembram aquela propaganda do Chevrolet Prisma que tava no ar ano passado? aquele modelo. se alguem conhecer um homem assim, por favor me apresente.
10 - Don Diego De La Vega, vulgo Zorro. ta, ele nao eh uma pessoa de verdade, mas usa capa e mascara, tem um nome castelhano, eh um heroi e cara do bem, e sabe manejar uma espada como ninguem. na falta de Don Diego, aceito o Alejandro Murietta, sucessor do mestre na versao com Antonio Banderas.

10 mulheres invejaveis
1 - Ivete Sangalo. Alem do corpao ela canta, danca e pula horas a fio e sobrevive. e olha que nao eh mais nenhuma guriazinha. quero ser que nem ela quando eu crescer.
2 - Angelina Jolie. cliches pras mulheres tambem, fazer o que. alem de tudo, ainda tem o brad pitt em casa.
3 - Scarlett Johansson. Linda, com classe. eh quase uma injustica no mundo.
4 - Shakira. Yeaaaaah. alem de linda, ela tem uma voz absurdamente invejavel. e parece ser boa moca.
5 - Keira Knightley. Ou alguem vai dizer que se opoe? e ainda por cima ela fala ingles britanico.
6 - Camila Pitanga. dessa nao tem nem o que dizer. unanimidade.
7- Carolina Ferraz. Mulher de beleza simples, mas (e por isso mesmo) incontestavel.
8 - Audrey Tautou. so os olhos ja merecem lugar aqui. e essa lista precisava de uma francesa.
9 - e nao podia faltar: Gisele Bundchen. outro cliche, mas eh a vida. e as gauchas sao as mais bonitas ^.^
10 - ja que a lista de homens teve personagem de mentirinha, aqui tambem tem. bem vinda a lista, Gina Weasley. e nem eh porque ela pega o harry potter, ta? mas porque do alto dos seus 15 anos de adolescencia, ela eh um puta mulherao: forte, determinada, faz o que quer, e deve ser tri bonitinha, porque passou o rodo em hogwarts. tambem quero ser que nem ela quando crescer.*

*pelamordedeus, ninguem invente de deixar comentarios que me facam descobrir o que acontece com ela no final, que eu ainda nao liiiii!!!!!

sábado, 5 de janeiro de 2008

momento citacao da semana

E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz.
Quem então agora eu seria?
Ahh tanto faz! E o que não foi não é,
Eu sei que ainda vou voltar... Mas, eu quem será?

(...)
E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Ahhh, ora, se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão.

Ahhh, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser aceito a condição.

Vou levando assim.
Que o acaso é amigo do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir...

(O Velho e o Moco - Los Hermanos)