domingo, 14 de junho de 2009

Filhos melhores.

Recebi a seguinte frase numa dessas correntes de e-mail que a gente só abre pq veio de alguma tia e é feio apagar sem ler:
"Todo mundo pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Desconheço a autoria, mas assino embaixo. Não que eu seja contra a idéia de pensar em planeta melhor para os nossos filhos. Muito pelo contrário, acho que isso é o mínimo que se pode fazer. Mas de nada adianta pensar em um planeta melhor se não pensarmos em seres humanos melhores antes de tudo.
Tipo aquela história que eu ouvi de uma professora no curso de justiça restaurativa que fiz ano passado. Que estava um pai com seu filho pequeno naquela situação típica de criança em supermercado: o menino dizendo "eu quero eu quero eu quero" e o pai tentando explicar que não pode. Numa dessas, quando o guri começou a fazer escândalo, o pai não se conteve e largou a pérola: "amanhã mesmo eu vou ligar para a professora e perguntar que tipo de educação que ela está te dando na escola!"
Parece brincadeira, mas acho que, no fundo, não é. As famílias colocam cada vez mais a responsabilidade da criação de seus filhos nas escolas. As escolas cada vez tem mais medo de serem processadas por educar (de verdade) os filhos dos outros. E as crianças cada vez mais aprendem a chantagear com a ameaça de ligar pro conselho tutelar se levarem um puxão de orelha. E quem dá pra esses pequenos humanos as noções de valores e responsabilidade que eles vão usar quando se tornarem adultos?
Não adianta nada deixar um planeta melhor pros nossos descendentes, se esses descendentes não quiserem deixá-lo melhor para os rebentos deles, e assim por diante. Não adianta segurar as reservas de água potável por mais 100 anos, se daqui a 150 elas vão desaperecer de qualquer forma, porque os nossos filhos e netos não tiveram ninguém pra ensiná-los a olhar um pouco mais além do próprio umbigo. Não adianta ter filhos, se não queremos criá-los.